A intenção desse espaço é liberar e discutir sentimentos, fatos e situações da vida, em muitos casos comum entre nós meros mortais em evolução, mas que nem sempre se desenrolam facilmente em um mero bate papo. No entanto, é tão estranho carregar uma vida inteira no corpo e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, das angústias, dos medos, dos anseios, dos choros e das frustrações vividas.

Se quiser liberar e compartilhar dissabores e inquietações e suas advindas possibilidades e aprendizagens, sinta-se honrosamente convidado para entrar, sentar e desembuchar, e de quebra, servir-se de uma ferramenta virtual de catarse e afago...



21/12/2015

T-E-M-P-O...


Fiquei impressionada! Não posto nada por aqui desde 2012!
O tempo voa! E não é um mero clichê, é fato!

Tempo é relativo?! Depende...

Essa teoria não é bem assim após os seus 30 anos. Depois disso, a sensação é a de que o tempo literalmente VOA, independentemente da "velocidade" que você se encontra!

Vacilou um segundo e o susto será inevitável! Seu inimigo mais cruel, severo, insensível e tirano não perdoará seu leve pestanejar.

Implacável e impiedoso, ele está lá agora voando enquanto reclamo!

Então, se for pra voar, que voe comigo usufruindo da maneira mais inteligente e autêntica possível, pois a minha vida tem pressa!
Pressa essa, não pelo acúmulo irrefreável de rótulos e ostentações, mas por viver visceralmente a minha existência.

E quando se tem pressa: planejar é preciso, saber o caminho é necessário, perder-se é proibido e atalhos são bem-vindos!

Por falar em atalhos, ...:



Atalhos

Quanto tempo a gente perde na vida? Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos inteiros. Depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar, aí mais tarde demora pra entender certas coisas, demora pra dar o braço a torcer. Viramos adolescentes teimosos e dramáticos. Levamos um século para aceitar o fim de uma relação, e outro século para abrir a guarda para um novo amor, e já adultos demoramos para dizer a alguém o que sentimos, demoramos para perdoar um amigo, demoramos para tomar uma decisão. Até que um dia a gente faz aniversário. 37 anos. Ou 41. Talvez 48. Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto. E a gente descobre que o tempo não pode continuar sendo desperdiçado. Fazendo uma analogia com o futebol, é como se a gente estivesse com o jogo empatado no segundo tempo e ainda se desse ao luxo de atrasar a bola pro goleiro ou fazer tabelas desnecessárias. Que esbanjamento. Não falta muito pro jogo acabar. É preciso encontrar logo o caminho do gol.

Sem muita frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso. Tudo o que a gente quer, depois de uma certa idade, é ir direto ao assunto. Excetuando-se no sexo, onde a rapidez não é louvada, pra todo o resto é melhor atalhar. E isso a gente só alcança com alguma vivência e maturidade.

Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando, não esperam sentados, não ficam dando voltas e voltas, não necessitam percorrer todos os estágios. Queimam etapas. Não desperdiçam mais nada.

Uma pessoa é sempre bruta com você? Não é obrigatório conviver com ela.

O cara está enrolando muito? Beije-o primeiro.

A resposta do emprego ainda não veio? Procure outro enquanto espera.

Paciência só para o que importa de verdade. Paciência para ver a tarde cair. Paciência para sorver um cálice de vinho. Paciência para a música e para os livros. Paciência para escutar um amigo. Paciência para aquilo que vale nossa dedicação. Pra enrolação, atalho.
Martha Medeiros Crônica "Atalhos", 2004.