A intenção desse espaço é liberar e discutir sentimentos, fatos e situações da vida, em muitos casos comum entre nós meros mortais em evolução, mas que nem sempre se desenrolam facilmente em um mero bate papo. No entanto, é tão estranho carregar uma vida inteira no corpo e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, das angústias, dos medos, dos anseios, dos choros e das frustrações vividas.

Se quiser liberar e compartilhar dissabores e inquietações e suas advindas possibilidades e aprendizagens, sinta-se honrosamente convidado para entrar, sentar e desembuchar, e de quebra, servir-se de uma ferramenta virtual de catarse e afago...



08/06/2010

As Crianças Aprendem Aquilo que Vivenciam

Hoje, passando em frente a um colégio particular, escutei a seguinte fala de uma mãe direcionando-se ao seu filho (pelo menos o garoto, que estava com a mesma e aparentava ter  6 ou 7anos, a chamou de "mae"): -"Olha a sua mão, seu VIADINHO!!!!"
A jovem senhora, em questão, poderia até estar brincando, embora seu tom de voz não denotasse qualquer gracejo, e mesmo se estivesse, convenhamos que a utilização desse adjetivo não seria tão apropriada. Logo não fica outra impressão senão a falta de respeito, paciência e diálogo desse ser para com a criança naquele momento.  
O que esperar dessa criança e outras milhões por aí, cujos pais não tem a mínima noção de como educar seus filhos!
Tenho presenciado, como professora, que atualmente, os pais atormentados com suas rotinas estressantes, muitos deles não conseguem simplesmente conversar com as crianças, orientá-las e quando a intenção até seja essa, o ato se dá aos gritos e/ou xingos... Muitas vezes presenciamos nos corredores das escolas os pais se dirigindo aos filhos dessa forma, em alto e bom som, perante todos os que ali estão transitando no momento.
Só para ilustrar sucintamente, é possível perceber a diferença que existe em termos de personalidade, comportamento e rendimento escolar entre uma criança que o pai/mãe chega para buscá-la na saída (ainda que esporadicamente) e a recebe com um beijo; pergunta, com interesse, o que ela fez na escola aquele dia e saem conversando de mãos dadas e entre aquela criança cujos pais não conversam com a mesma, não demonstram interesse pelo que ela diz, não segura sua mão se duvidar nem para atravessar a rua, ou a questionam desrespeitosamente como presenciei hoje ou ainda da forma como um dia o pai de um aluno meu se reportou ao filho: "E ae seu cuzão!"
Isso sem contar os relatos desde meras discussões até brigas com agressões físicas que as crianças vivenciaram em casa e chegam na escola contando para os professores, com riqueza de detalhes, inclusive reproduções na íntegra de gestos e falas dos adultos. Parece que não, mas as crianças, por mais pequenas que sejam, são muito perceptivas e estão atentas às nossas falas e atitudes.
Por mais nervosos, desgastados, estressados que os adultos estejam é preciso se policiar nesse sentido, pois as crianças precisam de bons exemplos e de um ambiente seguro, saudavel, amoroso e feliz para crescerem. Infelizmente, nem todas tem a sorte de serem acolhidas durante sua infância e adolescencia desta maneira...
Cabe a cada adulto, pais, professores, familiares.., através de um constante exercício de autocrítica, paciência e tolerância, buscar, sobretudo, aprimorar-se enquanto pessoa e, por conseguinte, buscar a melhor forma de agir na educação das crianças.
Já li e recomendo a leitura do livro: "As Crianças Aprendem o que Vivenciam" - Autor: Harris, Rachel; Nolte, Dorothy Law / Editora: Sextante


A leitura do poema da co-autora Dorothy Law permite-nos uma boa reflexão, através de suas frases consisas e interessantes....



Se as crianças vivem ouvindo críticas, aprendem a condenar,
Se convivem com a hostilidade, aprendem a brigar.
Se as crianças vivem com medo, aprendem a ser medrosas.
Se as crianças convivem com a pena, aprendem a ter pena de si mesmas.
Se vivem sendo ridicularizadas, aprendem a ser tímidas.
Se convivem com a inveja, aprendem a invejar.
Se vivem com vergonha, aprendem a sentir culpa.
Se vivem sendo incentivadas, aprendem a ter con fiança em si mesmas.
Se as crianças vivenciam a tolerância, aprendem a ser pacientes.
Se vivenciam os elogios, aprendem a apreciar.
Se vivenciam a aceitação, aprendem a amar.
Se vivenciam a aprovação, aprendem a gostar de si mesmas.
Se vivenciam o reconhecimento, aprendem que é bom ter um objetivo.
Se as crianças vivem partilhando, aprendem o que é generosidade.
Se convivem com a sinceridade, aprendem a veracidade.
Se convivem com a equidade, aprendem o que é justiça.
Se convivem com a bondade e a consideração, aprendem o que é respeito.
Se as crianças vivem com segurança, aprendem a ter confiança em si
mesmas e naqueles que as cercam.
Se as crianças convivem com a afabilidade e a amizade, aprendem que
o mundo é um bom lugar para se viver.
Dorothy Law Nolte